Circuito de Vila Real (WTCC): Citroën de regresso às grandes corridas internacionais em Portugal

A última vez em que as corridas em Vila Real tiveram um cariz internacional foi no ano de 1973, altura em que se assistiu ao derradeiro grande duelo entre os grandes pilotos internacionais e os principais pilotos portugueses. A história do mítico Circuito de Vila Real remonta a 1931, trazendo até Portugal, nomeadamente na década de 50, os grandes construtores de carros desportivos, entregues a alguns grandes pilotos italianos, como Eugenio Castellotti e Antonio Stagnoli mas, também, a alguns portugueses que ali se tornaram lendários, como Vasco Sameiro ou Fernando de Mascarenhas. Entre os finais dos anos 70 e o início da década de 90, quando o cariz internacional se viu interrompido, apenas ali correram pilotos portugueses, mas a emoção continuou bem viva, como a transmitida pelos troféus Citroën Visa e, mais tarde Citroën AX. Vila Real é um circuito diferente de tudo o resto que existe um pouco por todo o Mundo. Pelas suas características únicas, privilegiando a velocidade e a maneabilidade, com curvas encadeadas feitas a mais de 200 km/h, subidas e descidas, duas pontes – uma delas, sobre o rio Corgo, com mais de 40 metros de altura! – passagens de nível e a temível e alucinante Descida de Mateus, que terminava entre casas, numa parte estreita e cega, onde se chegava a quase 200 km/h, fez parte durante muitos anos do imaginário do que significava, para os pilotos, a palavra coragem. Na realidade, não teve rival, em qualquer outra parte, durante muito tempo. Hoje, passados 42 anos, muitas das suas características originais desapareceram e outras viram-se atenuadas, por inerência do aumento de segurança, nomeadamente dos pilotos. O traçado já não é o mesmo de então, mas mantiveram-se o desafio, a velocidade extrema, os muros de betão, os rails e as subidas e descidas. A tal ponto que José María López, um dos pilotos da equipa Citroën Total, descreve-o, mesmo sem nunca lá ter rodado, como «um Nordschleif em miniatura». Só isto é suficiente para perceber a alma que a pista de Vila Real esconde e exige! É, portanto, este cenário que marca a entrada da Citroën Racing neste regresso às grandes corridas internacionais no Circuito de Vila Real, com o programa competitivo a iniciar-se já nesta 6ª Feira, prolongando-se até Domingo. A cidade fá-lo, em estreia, naquela que será a 8ª jornada do Campeonato FIA WTCC, sem dúvida o maior campeonato para Carros de Turismo do planeta. Tal como há mais de 40 anos fez o Campeonato do Mundo de Marcas, a Capital de Trás-os-Montes traz até si os maiores pilotos do momento, ao volante das também melhores e mais avançadas viaturas de pista do presente. E se, há mais de quatro décadas, os nomes a reter eram – entre outros – Nicha Cabral, John Miles, Gijs van Lennep ou Carlos Gaspar, em 2015 há que seguir de perto as prestações de José María López (Campeão do Mundo em título e actual líder do WTCC), Yvan Muller (quádruplo Campeão do Mundo de WTCC e actual 2º classificado), Sébastien Loeb (nove vezes Campeão do Mundo… mas no WRC e, presentemente, 3º na tabela de Pilotos) e Ma Qing Hua, o quarto mosqueteiro da Citroën Racing e actual 5º classificado. Terão que se bater com uma lista que contempla o nacional Tiago Monteiro, Gabriele Tarquini (Campeão do Mundo em 2009) ou Rob Huff (Campeão do Mundo em 2012), entre outros adversários. O Campeonato FIA WTCC chega, assim, a Vila Real com os três primeiros lugares ocupados por três pilotos da Citroën Total e com esta largamente líder entre os Construtores. Palco da derradeira jornada europeia da temporada – seguir-se-á o périplo oriental com o Japão, China e Tailândia, terminando o ano no Qatar – a Cidade de Vila Real e todos os seus convidados e visitantes para este fim-de-semana irão ter o privilégio de ver digladiarem-se, num cenário desconhecido por todos, aqueles que são os melhores pilotos e máquinas de Carros de Turismo do Mundo. Ingredientes mais que suficientes para garantirem corridas emocionantes, repletas de acção do princípio ao fim – e nas quais todos os pilotos, sem excepção, irão colocar em prática os ensinamentos que retiraram dos milhares de voltas que já realizaram a Vila Real mas em simulador! Posto isto, que melhor local, ou com mais aura, do que este traçado a beijar o Vale do Corgo, seria desejável para ver ao vivo e a (muitas!) cores, um campeonato com tamanha aura, como é o FIA WTCC, do que o Circuito de Vila Real? Que melhor forma de sair da Europa, do que com a recordação de uma das mais belas e emblemáticas pistas resistentes no continente, como é esta de Vila Real, a ombrear, num ano excepcional, com a estreia do WTCC noutro circuito emblemático como o Grande Nordschleife, na Alemanha, em Maio passado? O Programa da Prova inicia-se já na Quinta-Feira, dia 9, com uma Grande Parada na Cidade de Vila Real, a que se seguirá uma Sessão de Autógrafos, em frente à Câmara Municipal. Os primeiros Treinos Livres terão lugar na Sexta-Feira e a Qualificação no Sábado. As duas provas terão lugar no Domingo, com uma a correr-se a meio da manhã e outra ao final da tarde.

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