A 2.198 quilómetros do final do Dakar 2010, repartidos por três etapas, o estado de espírito de Carlos Sousa só pode ser um: evitar correr riscos até ao pódio final instalado na cidade de Buenos. Afinal, à sua frente “apenas” estão os intocáveis representantes das duas únicas equipas oficiais e apesar de o seu mais directo perseguidor também representar uma marca – é só o vencedor da edição do ano passado, o sul-africano De Villiers, com o seu VW – a verdade é que a vantagem que possui deixa-o relativamente tranquilo. Mas o dia de regresso à Argentina foi marcado pelas elevadas altitudes a que se disputou o percurso. “No início da etapa senti verdadeiramente a perda de potência e não consegui acompanhar o ritmo dos mais rápidos”, começou por referir Carlos Sousa, à chegada instalada em San Juan. “Mas à medida que a altitude baixou, comecei a ser mais competitivo e, nos últimos quilómetros, disputados junto ao leito de um rio e com o piso duro, recuperei algum tempo em relação aos pilotos que me precediam”. Apesar de tudo, Carlos Sousa admite que “agora não tenho a preocupação de andar depressa, mas sim de não correr riscos. O objectivo é mesmo chegar ao fim e se não houver imponderáveis nos próximos dias, no fim-de-semana vamos poder comemorar. Mais do que o sexto lugar, sermos os primeiros não-oficias é um resultado que nos orgulha”. O português estabeleceu hoje o 10º tempo nos 220 quilómetros cronometrados da etapa que ligou Santiago do Chile a San Juan e os quase sete minutos perdidos para o VW de De Williers não fazem perigar o sexto lugar. “Em três etapas é difícil ele anular essa desvantagem, mas se até final eu for vítima de qualquer percalço é claro que tudo pode acontecer. No entanto, o mais importante é não deixarmos de ser os melhores privados. Estamos confiantes e já a fazer a contagem decrescente para a chegada a Buenos Aires, que será uma autêntica festa”.
A dupla Miguel Barbosa/Miguel Ramalho teve igualmente em bom plano até bem perto do final da especial quando o Mitsubishi Racing Lancer MPR-13 voltou a acusar problemas de pressão de gasolina. Os pilotos lusos viriam assim a terminar a etapa no 13º lugar da classificação mantendo o 12º posto à geral. A exigência da etapa de hoje colocou à prova pilotos e máquinas com alguns a serem mais felizes que outros: “Tal como ontem, o dia estava-nos a correr bastante bem, se um único problema a assinalar. Mas a 30 quilómetros do final, o nosso carro voltou a sentir problemas na pressão da gasolina, o que nos obrigou a ir até ao final em ritmo muito lento”, explicou Miguel Barbosa. A tão poucos quilómetros do final a preocupação passava única e exclusivamente por chegar ao final: “Ficámos obviamente decepcionados mas sabíamos que o melhor seria rodar lentamente até ao fim. Isso fez-nos perder bastante tempo mas pelo menos chegámos e os danos não foram assim tão elevados”, continuou. O Dakar 2010 tem sido para Miguel Barbosa e Miguel Ramalho feito de altos e baixos, mas os pilotos portugueses mantém a confiança e optimismo: “Infelizmente temo-nos deparado com alguns problemas que de alguma forma têm condicionado a nossa prestação. Mas o Dakar é isto mesmo. E há que saber lidar com as situações. E penso que nós temos sabido fazer uma boa gestão dos momentos bons e maus para manter o optimismo e força de vontade para lutar, etapa a etapa, por um resultado melhor. Temos ainda três dias de prova pela frente e a única certeza que temos é que vamos estar na luta”, concluiu o piloto português.
Na geral o dia de não correu bem ao líder do Dakar, Carlos Sainz, já que terminou a etapa com um atraso de 7m19 para o vencedor do dia, Guérlain Chicherit (BMW), sendo que pelo meio, no quarto posto, ficou classificado o seu companheiro de equipa, Nasser Al-Attiyah, para quem o espanhol perdeu 5m38, mantendo assim a liderança da classificação, mas agora apenas com uma vantagem de 4m28s sobre o piloto qatari.
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