Dakar (7ª etapa): Um dia menos bom para os portugueses

Depois de um dia muito positivo, veio um dia bastante negativo para as cores lusas. Carlos Sousa perdeu imenso tempo, ao passo que Miguel Barbosa e Ricardo Leal dos Santos conseguiram repetir os lugares da 6ª etapa mas desceram posições na geral. Depois de uma actuação em crescendo que lhe permitiu chegar a um excelente quarto lugar da geral, a sétima e mais temida etapa do Argentina-Chile Dakar 2010 traiu as aspirações de Carlos Sousa. Com uma notável e sólida actuação desde o primeiro dia, o português vinha fazendo um rali em crescendo, chegando a sexto à terceira etapa, a quinto dois dias depois e finalmente a quarto à chegada da etapa de ontem. Sempre cauteloso, Carlos Sousa alertava sempre para o facto de o rali estar ainda muito longe do fim, sendo ainda fundamental vencer a etapa anterior ao dia do descanso sem problemas… Só que nada disso aconteceu: “Foi um dia mau, pleno de azares”, desabafou o piloto à chegada a Antofagasta, após quase sete horas e meia de condução. “Começou mal logo de início, com um problema nos travões a atrasar-nos bastante. Tentámos minimizá-lo com uma condução mais defensiva, mas acabámos por ficar mesmo sem travões antes de chegada à neutralização da etapa, cerca do km 177. Na ligação até ao recomeço da especial, conseguimos reparar parte da avaria com a ajuda do (Guilherme) Spinelli, anulando o circuito numa das rodas, embora chegando já 10 minutos atrasado à partida”, explica Carlos Sousa. “Mas isso nem foi o pior. Depois do recomeço da especial, um erro de navegação levou-nos para uma zona de montanhas. Num dos topos, e para evitar o carro de um concorrente que dava meia volta, acabei por cair por uma dessas montanhas e perder mais de uma hora até conseguir regressar à pista. Cheguei a pensar que o rali terminaria ali, pelo que mesmo perdendo hoje três lugares na classificação, só posso estar satisfeito por ter conseguido terminar”, reforçou o português. “Agora é recuperar totalmente o carro amanhã e começar a pensar que falta ainda mais meio rali para cumprir. E a partir daqui já não há lugar a outra estratégia: dar o máximo a cada etapa e tentar chegar o mais á frente possível na classificação geral”, conclui o melhor dos representantes da Mitsubishi neste Dakar e o único dos estreantes neste novo formato a figurar nos 12 primeiros lugares da geral provisória.

Antes da partida para a mais longa etapa do Dakar 2010 as ambições de Miguel Barbosa / Miguel Ramalho passavam por conseguir terminar a especial: “Era importante chegar ao final desta classificativa. Amanhã é dia de descanso e altura da equipa rever o carro para enfrentarmos o resto da prova. Estou muito contente pelo trabalho que temos conseguido fazer. Estamos a meio do rali, ocupamos o 12º lugar e não estamos muito longe do nosso objectivo”, disse Barbosa. A sétima etapa da prova revelou-se, como era esperado, a mais dura até ao momento: “A primeira parte da classificativa nem foi muito má apesar de termos furado logo no início. Aliás, furámos por duas vezes. O percurso inicial era composto por zona de dunas mas muito rolante, o pior estava para vir depois. Após o quilómetro 170 é que começaram os problemas: o terreno era mole e com muita pedra e exigia mais de nós e do próprio carro”, continuou. Em termos de navegação Miguel Barbosa considera que o seu co-piloto tem feito um bom trabalho: “a navegação nesta prova não é fácil mas temos conseguido contornar o problema, sobretudo porque o Miguel é muito exigente na preparação de todas as etapas. Há zonas onde nos deparamos com mais de uma rota, já nos enganámos algumas vezes, mas nunca foram situações extremas, apenas pequenos deslizes. O Miguel não tem a tarefa facilitada, mas temos dado conta do recado”, disse o Tricampeão Nacional de Todo-o-terreno.


Nasser Al-Attiyah venceu a etapa mais longa do Dakar, com o piloto da Volkswagen a bater Stéphane Peterhansel por 3m29s. Numa etapa bastante complicada e variada em termos de pisos, o piloto do Qatar levou a melhor sobre todos os seus adversários, aproveitando a fase final para se destacar e firmar mais um triunfo para a VW. Stéphane Peterhansel ficou com o segundo lugar, com o piloto da BMW a mostrar uma vez mais que poderia estar na luta pelo triunfo, não tivesse o azar batido à sua porta na etapa de quarta-feira. Logo atrás, colocou-se o líder da geral, Carlos Sainz, com este a ficar a 4m21s de Attiyah.

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