A Citroën Racing prossegue o desenvolvimento do seu WRC de 2017 em Portugal

Três semanas após os primeiros testes de estrada, a Citroën Racing prossegue com o desenvolvimento do seu WRC para 2017, tendo escolhido como palco o sul de Portugal. Enfrentando condições meteorológicas instáveis, Kris Meeke e Stéphane Lefebvre cumpriram um programa de longos quilómetros durante os quatro dias de testes. Depois dos primeiros testes efectuados na região de Languedoc, a Citroën Racing rumou ao Algarve para a segunda sessão de testes de desenvolvimento do seu WRC para 2017. Chuva, granizo, nevoeiro e até o sol marcaram o ritmo de trabalho de toda a equipa. Antes de avançar para a participação no Rali de Portugal com o Abu Dhabi Total Wolrd Rally Team, a equipa formada pelas duplas Kris Meeke/Paul Nagle e Stéphane Lefebvre/Gabin Moreau estiveram aos comandos do protótipo construído no Centro Técnico de Versailles. Para Laurent Fregosi, Diretor Técnico da Citroen Racing, «Estas condições de tempo variável foram mais que bem-vindas, pois permitiram-nos testar diferentes afinações, bem como verificar o comportamento da carroçaria em condições de acumulação de lama». Fregosi destaca ainda que «no decorrer dos nossos ensaios, delineámos diversos objetivos. Quisemos, logicamente, comprovar a fiabilidade dos diversos órgãos e a quilometragem cumprida por cada componente foi devidamente analisada e classificada de modo a ser validada pelo que está estipulado no caderno de encargos. O nosso trabalho desenvolve-se, também, na procura constante do melhor desempenho e do conforto de condução para o piloto».  Engenheiro formado no INSA de Lyon, Laurent Fregosi entrou na Citroën Racing em 1995, no tempo em que os ZX Grand Raid dominavam o Dakar. Posteriormente, participou em todos os programas de ralis a partir do Xsara Kit-Car. Em 2005 foi nomeado responsável pelo desenvolvimento do chassis e no início deste ano sucedeu a Xavier Mestelan-Pinon na Direção Técnica. Envolvido, há mais de um ano, no programa WRC 2017, o novo Director Técnico regressa ao ponto de origem de desenvolvimento de um automóvel. A propósito do desenvolvimento do novo WRC, Laurent Fregosi sublinha que «ver o nosso World Rally Car suportar longas sessões de testes, em pisos exigentes, e sem apresentar problemas de maior, é uma bela recompensa para todos os que trabalham neste projecto há mais de um ano». Fregosi explica também que «como sempre, começámos pela elaboração de caderno de encargos concebido com base nos regulamentos da FIA e dos objetivos de marketing da Marca. Uma vez escolhido o modelo de base, tratámos informaticamente os seus dados técnicos de forma a definir a implementação dos principais órgãos: motor, transmissão, depósito de combustível, roda suplente, etc. O desenho do arco de segurança decorre de todos estes elementos, bem como das regras respeitantes ao posicionamento da equipa no interior do carro». Envolvido no projeto desde os primeiros esboços, o departamento de estudo e desenvolvimento entra, então, num verdadeiro frenesim para desenhar cada componente, como revela, em detalhe, Laurent Fregosi: «Os procedimentos são sempre os mesmos, ou seja, conceber componentes resistentes e leves, tendo sempre presente a busca da sua melhor posição e a obtenção de um centro de gravidade o mais baixo possível. As equipas de pilotos, bem como os engenheiros e os técnicos que desenvolvem o veículo, foram convidados a dar a sua opinião, pois, entre outras questões, é imprescindível optimizar a desmontagem das peças e componentes susceptíveis de serem substituídas nas zonas de assistência.» Fregosi continua a sua explicação referindo que «este trabalho foi desenvolvido tendo em conta a experiência acumulada ao longo de mais de 20 anos de presença ao mais alto nível no panorama mundial dos ralis. Contudo, enriquecemos ainda mais a nossa plataforma de conhecimentos realizando testes em laboratório com um DS3 WRC,» sem deixar de descartar que «após um certo abrandamento em 2014, demos prioridade ao desenvolvimento de novas soluções para o futuro. Recorremos ao motor de um Citroën C-Elysée WTCC, o que nos permitiu obter, desde logo, o nível de potência pretendido para o ano seguinte, e também testámos a fundo suspensões de última geração». Uma vez validados pelo Gabinete de Design, os planos de desenvolvimento foram confiados aos diversos departamentos específicos – transmissão, suspensão/direção/travões, eletrónica, moldes em plástico – para a fabricação das peças e, posteriormente, para a montagem dos subconjuntos. Concretizada em menos de um mês, a montagem do primeiro protótipo foi possível graças ao empenho das diferentes equipas envolvidas no projecto: «Foi um período de luta contra o tempo, pois alguns dos componentes requereram mais tempo para serem produzidos. Na fábrica, os técnicos trabalharam num processo just in time para que tudo estivesse pronto a tempo. Apesar de já termos feito duas sessões de testes, estamos apenas no início da nossa aventura e a análise dos dados e o feedback dos pilotos permite-nos evoluir em termos das definições técnicas e optar pelas soluções mais eficazes. Ao mesmo tempo, preparámos também um segundo carro que será brevemente utilizado em asfalto. Este trabalho interactivo, que compreende todos os domínios, do chassis ao motor, passando pela transmissão ou a aerodinâmica, vai prosseguir até à fase de homologação do carro com vista ao Rali de Monte-Carlo de 2017. Um horizonte que parece tão distante como próximo,» conclui Fregosi.

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