Agora é mesmo oficial. A Ferrari lançou, esta tarde, um comunicado onde reitera as ameaças de Luca di Montezemolo e que passam pelo abandono da Fórmula 1. A Ferrari diz que não participa no próximo Mundial de Fórmula 1 se os regulamentos aprovados pela FIA não forem alterados. Entre estes, está o tecto orçamental de 45 milhões de euros imposto para cada equipa.
"Regras iguais para todas as equipas, estabilidade de regulamentos, continuação dos esforços da FOTA para, metodicamente e progressivamente reduzir custos, e a viabilidade da Fórmula 1 são as prioridades para o futuro. Se estes princípios indispensáveis não forem respeitados, e se os regulamentos para 2010 não forem alterados, então a Ferrari não pretende ter os seus monolugares a participar no Mundial de Fórmula 1 de 2010.", lia-se no comunicado da Scuderia.
Este protesto da Ferrari saiu antes de uma reunião em Maranello com os seus principais dirigentes, com o seu presidente Luca di Montezemolo à cabeça. Este aviso vem no seguimento do feito pela Toyota. A equipa nipónica disse no sábado retirar-se da competição no final da época de 2009 caso os regulamentos não fossem alterados. No final de Abril, a FIA deu a conhecer os novos regulamentos para 2010, com maior liberdade tecnológica (ailerons traseiros e dianteiros ajustáveis e o fim das limitações do desenvolvimentos nos motores) para quem cumprir o tecto orçamental de 45 milhões de euros.
A vontade de Max Mosley dar benefícios técnicos às equipas que cumpram o tecto salarial de 45 milhões de euros continuam a deixar muita gente indisposta em Maranello. A Ferrari não quer que a medida vá para a frente porque diz que tal “vai introduzir dois regulamentos baseados em regras técnicas arbitrárias e parâmetros económicos”. Sem concordar com esta postura, a administração do construtor transalpino garante que “se isso passar a ser a base regulamentar da Fórmula 1 no futuro, então existem razões suficientes para que a participação ininterrupta da Ferrari no campeonato do Mundo por mais de 60 anos – o único construtor que nunca falhou desde o início em 1950 – pode chegar ao fim”, lê-se no comunicado.
Ainda no documento enviado pela Ferrari às redacções, “a administração expressa o seu desapontamento acerca dos métodos adoptados pela FIA para a tomada de decisões em questões de natureza tão sérias e a sua recusa de, efectivamente, tentar chegar a um acordo com os construtores e com as equipas. Tendo em conta estes desenvolvimentos, a administração da Ferrari já solicitou ao seu presidente, Luca di Montezemolo que procure outras actividades para a equipa."
E diz confiar que os adeptos de todo o mundo compreendam a sua decisão "coerente" com o comportamento que sempre teve a escuderia "na defesa dos valores desportivos e técnicos no automobilismo em geral e na Fórmula 1 em particular".
As inscrições para 2010 terminam a 29 deste mês, sendo que a Toyota e a Red Bull já anunciaram que não entrarão na competição se as regras se mantiverem. Neste momento, só as equipas independentes (Brawn GP, Williams e Force India) deverão inscrever-se.
Pilotos da Ferrari compreendem razões da equipa
Os pilotos da Ferrari, Felipe Massa e Kimi Raikkonen, compreendem as razões da Ferrari se esta optar por deixar a Fórmula 1 no final da temporada, em virtude das novas regras introduzidas pela FIA.
"Compreendo a motivação, o porquê da companhia ter chegado a este ponto. A ideia de ter um campeonato a duas velocidades, com carros que podem ter, por exemplo, asas flexíveis ou motores sem limite de rotações, é absurda", começou por dizer Felipe Massa, vice-campeão de 2008.
"Compreendo a motivação, o porquê da companhia ter chegado a este ponto. A ideia de ter um campeonato a duas velocidades, com carros que podem ter, por exemplo, asas flexíveis ou motores sem limite de rotações, é absurda", começou por dizer Felipe Massa, vice-campeão de 2008.
"Para um piloto, pilotar um Ferrari na Fórmula 1 é um sonho e o meu concretizou-se. Desde criança que a Ferrari era sinonimo de competição para mim; é por isso que estou convicto de que se a Scuderia for forçada a deixar a F1, haverá outras competições, nas quais será possível admirar os Vermelhos em pista", completou o brasileiro, secundado nas suas palavras por Kimi Raikkonen.
"É difícil pensar numa Fórmula 1 sem a Ferrari. Quando pilotava para a McLaren, a Scuderia de Maranello era o standard, o adversário com que tínhamos de nos comparar. Desde que aqui cheguei [à Ferrari], eu percebi que é muito mais do que uma equipa, é uma lenda, perpetuada pelos carros de estrada e de competição", disse o finlandês.
"Sempre pensei na Fórmula 1 como o pináculo do automobilismo, em termos de competição e de tecnologia. Não consigo imaginar pilotos a competirem uns com os outros com carros construídos de acordo com regras diferentes; isso não seria bom nem para o desporto nem para os adeptos. Se isso acontecesse, seria muito mau e eu percebo que uma companhia com o a Ferrari pense em competir noutro lado", concluiu o campeão do mundo de 2007.
Desde a criação da prova, em 1950, que a Ferrari não falha um campeonato do mundo de Fórmula 1.
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