A administração da Fiat tomou ontem a decisão de ultimar a aliança com a Opel, o que poderá colocar a marca italiana numa posição de destaque na liderança do mercado automóvel europeu.
Depois de assumir a aliança com a Chrysler nos Estados Unidos da América, adquirindo 20 por cento da marca norte-americana, a FIAT prepara-se, agora, para tentar adquirir a Opel. De acordo com informações vindas do Reino Unido e da Alemanha, a FIAT planeia continuar o seu processo de expansão, desta feita, mostrando o seu interesse nas marcas europeias da General Motors (GM): Opel, Vauxhall e Saab.
Sérgio Marchionne, reuniu-se hoje com dois ministros alemães, Karl-Theodor Zu Guttenberg, da Economia, e Frank-Walter Steimeier, dos Negócios Estrangeiros para debater a aquisição da marca alemã. Em entrevista ao Financial Times, o presidente da FIAT, afirmou que a união "do ponto de vista de engenharia e industrial é um casamento perfeito", acrescentando que essa operação com a GM tornaria a marca italiana numa das empresas mais fortes do mundo. Segundo Marchionne, esta fusão irá permitir uma redução de mil milhões de euros de custos anuais, ao mesmo tempo que permite uma facturação na ordem dos 80 mil milhões de euros e uma previsão de vendas unitárias de seis a sete milhões de automóveis por ano. Isto graças à fusão entre as diversas plataformas de construção dos automóveis das duas marcas e também nos segmentos em que as marcas concorrem.
Após uma reunião com o presidente executivo da FIAT, Sergio Marchionni, que apresentou ao executivo germânico uma proposta que contempla a preservação da tradicional marca alemã, o governo alemão afirmou que vai examinar a proposta da FIAT para aquisição da Opel. O plano de Marchionni garante ainda a manutenção de três das quatro unidades de produção da Opel na Alemanha que se dedicam à montagem final de veículos, em Ruesselsheim, Bochum e Eisenach. A quarta unidade, em Kaiserslautern, que emprega 3300 trabalhadores e fabrica de carroçarias, "chassis" e interiores, e emprega mais de três mil trabalhadores, não está contemplada nos planos da FIAT, adiantou o ministro alemão. Guttenberg sublinhou ainda que a FIAT pretende que a nova sociedade resultante da fusão seja o maior fabricante automóvel europeu, e o segundo maior do mundo, com actividades na Rússia, China e Índia, e comece a sua actividade sem dívidas.
No entanto, há ainda "há um problema de consolidação financeira" resultante das dívidas da casa-mãe da Opel, a norte-americana General Motors, e do fundo de pensões, que a FIAT avaliou entre cinco e seis mil milhões de Euros, observou o ministro da economia. Guttenberg fez questão ainda de sublinhar que o critério decisivo para o governo alemão é "uma solução a longo prazo e um plano sólido" para a Opel.
No entanto, de acordo com o Finantial Times, a parceria entre as duas marcas poderá custar a eliminação de cerca de 9000 postos de trabalho.
A Opel está em apuros financeiros, e já requereu ao governo de Angela Merkel um aval de 3,3 mil milhões de Euros para ter acesso a empréstimos bancários. O executivo já disse que está disposto a ajudar a Opel, para manter os 26 mil postos de trabalho na Alemanha, mas recusou uma participação directa de capitais públicos na empresa.
Recorde-se que o grupo General Motors tem sido um dos mais afectados pela grave crise financeira no mercado automóvel, podendo mesmo vir a seguir o caminho da Chrysler, ao avançar para um processo de falência controlada de modo a poder desenhar um processo de reestruturação interna, ponto no qual a FIAT pode ser decisiva, tal como o foi com a Chrysler.
Fiat e Chrysler formam aliança estratégica
A Fiat e a Chrysler assinaram um acordo de aliança estratégica global. O grupo italiano contribuirá com várias plataformas, tecnologias, modelos e assistência em várias áreas chave do negócio da Chrysler, para além de adquirir uma participação nesta marca. A Chrysler, que na semana passada entregou o seu pedido de falência no tribunal de Nova Iorque, já pediu aprovação para leiloar a maioria dos seus activos, dentro de três semanas, seguindo as instruções de Barack Obama para acelerar a aliança com a Fiat.
Com a eventual concretização dos seus planos, a Fiat surgiria como um dos grandes grupos mundiais, com capacidade para produzir seis milhões a sete milhões de automóveis por ano e gerar receitas em redor dos 80 mil milhões de euros, rivalizando com a alemã Volkswagen e atrás da japonesa Toyota, que recentemente destronou a GM como maior construtor mundial.
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