Na Primavera de 1899, em Zwickau - perto da cidade de Colónia na Alemanha-, August Horch, formado pela Universidade Técnica de Mittweida na Saxónia, iniciou o projecto de construção de automóveis que dava origem à fundação da marca Horch. A um ritmo quase alucinante para a época, a Horch produziu cinco modelos diferentes até 1909. Ano em que Horch, alegando divergências com os directores da marca, decidiu abandonar o projecto. Ao ter de lidar com os contratempos que a utilização do seu próprio nome gerava, Horch sentiu-se motivado a rebaptizar a segunda empresa automóvel que criava. A solução revelou-se elegante: traduziu o seu apelido para o latim. E assim, "horch!", que significa “escuta!”, tornou-se "audi!"- imperativo do verbo “escutar” em latim.
Em meados do ano seguinte surgiu o primeiro Audi: o Type A, que era equipado com um motor de quatro cilindros de 2.6 litros, com 10/22 cv. Em 1911, seguia-se o Type B que utilizava o mesmo motor, mas melhorado e com uma potência de 11/28 cv. Este último, foi posto à prova numa das mais prestigiadas e mais exigentes corridas da época: a corrida dos Alpes austríacos. As vitórias obtidas nas edições de 1911, 1912, 1913 e 1914 trouxeram à Audi uma reputação e um estatuto insuperáveis e o Type B passou, inclusivamente, a ser conhecido por ‘Alpensieger’.
Em 1934, o Type A saiu directamente da fábrica para a competição. Apresentando pela primeira vez um motor de seis cilindros colocado atrás do piloto, este modelo foi fruto do trabalho desenvolvido por Ferdinand Porsche. Com Hans Stuck ao volante, o Type A batia o recorde mundial ao estrear-se no circuito de Avus em Berlim. Seguiram-se uma sucessão de modelos que tinham como objectivo aumentar, ainda mais, a competitividade da marca. O derradeiro Type D, lançado em 1938, tinha um motor sobrealimentado V12 de 3.0 litros que debitava 500 cv.
A Audi é hoje um dos construtores da indústria automóvel mais prestigiados e os seus produtos têm revelado bem o seu espírito inovador. Em 1932, quando as marcas Audi, Wanderer, Horch e DKW se juntaram para formar o novo grupo Auto Union, foi evidente o tipo de estratégia que estavam dispostas a seguir: mantinham de forma consistente e visível a identidade de cada uma das marcas e conservavam, no essencial, as suas características e os seus valores. Um dos primeiros modelos da Audi a ser lançado sob a égide da Auto Union foi o modelo Front. Apresentava tracção dianteira, suspensão independente às quatro rodas e a sua motorização de seis cilindros, com 40 cv, tinha origem na Wanderer.
Adoptando uma faceta mais desportiva, o Audi 920, lançado em 1939, foi fruto do trabalho do novo centro de desenvolvimento da Auto Union, em Chemnitz. Era equipado com um motor de seis cilindros que debitava 75 cv e atingia uma velocidade de 130 km/h.
A par da sua reputação no universo das quatro rodas, a Auto Union também passou a assumir um papel de destaque na área das motos - para o qual contribuiu a já muito bem posicionada DKW. O culminar da cultura estratégica do grupo fez-se com o programa desportivo a dar entrada ao mais alto nível da competição de monolugares, com modelos desenvolvidos pelo Prof. Ferdinand Porsche e que alcançaram dezenas de vitórias nos mais importantes circuitos europeus da época.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, os veículos de competição da Auto Union foram todos levados para a União Soviética e, simultaneamente, as fábricas do grupo foram todas desmanteladas. Sem as suas fábricas na Alemanha de Leste, a Auto Union mudou-se para o sector Ocidental, iniciando aí a sua reconstrução. A zona escolhida foi a da Baviera, mais precisamente, a cidade de Ingolstadt. O primeiro modelo a sair da nova linha de montagem foi o F89P. Em 1959, a NSU foi a última marca a ser integrada no grupo. Seguiram-se-lhe outros automóveis equipados com a mesma tecnologia DKW de motores a dois tempos, série essa, denominada DKW, que seria descontinuada em 1965.
Passados alguns anos, 1965 marcava a viragem de uma nova página na história da Auto Union: a Volkswagen tornava-se sua accionista maioritária, sucedendo assim à Daimler-Benz, que detinha esse estatuto desde 1958. Sob a égide da Volkswagen, o lançamento do renovado modelo F102 fazia a Audi reconquistar uma produção e uma identidade próprias. A Audi renascia das cinzas, construindo em poucos anos uma imagem privilegiada, para a qual contribuíram a aposta na competição – ralis, rampas, circuitos, etc. – e o famoso e imortal sistema Quattro (1980) de tracção integral permanente, que continua a dar provas da sua excelência.
Os motores de oito cilindros da Horch (1926), os DKW de tracção dianteira (1931) e os majestosos Auto Union com o motor colocado em posição central (1934) são exemplos da herança tecnológica que tem feito da Audi pioneira da engenharia automóvel. Já mais recentemente, a Audi continuou a revolucionar a indústria automóvel reforçando a sua filosofia proverbial: “Na Vanguarda da Técnica”. Foram os casos da introdução dos motores TDI (1989), da estrutura em alumínio Audi Space Frame (ASF, em 1994) e dos grupos ópticos com tecnologia LED (2008).
A actual e cada vez mais diversificada gama de modelos da Audi (que poderá consultar em pormenor na versão detalhada) abrange um leque de clientes mais amplo. Mas, sempre fiel aos seus princípios: uma Marca Premium com uma história de glória e tradição. Exemplo disso são os mais recentes modelos que já circulam nas estradas portuguesas: o A5 Cabriolet, o A4 allroad quattro, o TT RS e a nova geração do Q7. Desde 2007, os estudos futuristas da Audi têm surpreendido tanto pelo seu arrojo como pelas suas características plenamente realistas que, inclusivamente, poderão servir de base a um veículo de produção em série. São os casos, por exemplo, do Cross coupé quattro, do A1 project quattro, do Cross cabriolet, do R8 V12 TDI concept e do A1 Sportback concept, a que se juntou já em 2009 o Sportback concept. Este último, apresentado em Janeiro passado no Salão de Detroit, é a base de um modelo que é, como sempre, aguardado com plena expectativa: o Audi A5 Sportback.
Mas a história de sucesso da Audi não se deve apenas aos seus veículos de produção em série. Os anais da competição automóvel destes últimos cem anos têm registado bastantes conquistas da Audi. Tudo começou nos anos 30 do século passado, com os Auto Union Type A, B, C e D, seguindo-se os títulos conquistados no Mundial de Ralis (anos 80 no século XX) ao nível de Marcas e de Pilotos. Mais recentemente, foram já conquistados nove títulos no ALMS (American Le Mans Series) e seis títulos no DTM - o mais popular campeonato do mundo de Touring Car.
Ao longo da sua história a Audi tem estado, e continuará a estar, sempre “Na Vanguarda da Técnica”.
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