Comissários, Stand-By na Rede!

Este meu querido mês de Agosto é normalmente uma grande "seca" em termos de acontecimentos desportivos motorizados. Com a excepção da prova da FR 2.0 deste fim-de-semana em que o António Felix da Costa "esmagou" a concorrência e mostrou quem manda naquela categoria, o panorama é desolador e todas as modalidades foram a "banhos" e só mais lá para o final do mês é que regressam à competição.

No meio desta "secura" descobri uma verdadeira pérola escrita pelo meu colega das pistas e amigo António Espadinha que é também Comissário (ligado à ACDME) e que publicou estes dias no site www.acdme.com/ da associação um texto muito pertinente e cheio de conteúdo por quem se interessa por estes assuntos.

O António "deu-me" a liberdade de o publicar neste humilde blogue e pela 1ª vez desde da sua criação, o Tintin Sobre Rodas publica um texto que sai fora dos standard's da notícia corrente e rotineira e entra dentro do pensamento de alguém que anda nestas andanças há tempo suficiente para uma reflexão destas...



Comissários, Stand-By na Rede!


"Não se inquietem, desta vez não vou escrever uma obra de ficção, pois o guionista por ser do Alentejo só agora ouviu dizer que se encontrava de greve.

Aproveito a sua ausência, para abrir a porta a uma discussão que espero nos leve ainda mais adiante nas relações entre comissários, digo comissários, pois para mim antes de se ser DC, DP, Rescue, Boxes, Pista, Parques, Presidente etc, é-se comissário.

Começo por insurgir-me contra a nossa querida e bem-amada elite de criaturas a quem alguém um dia entregou os destinos da comunicação social desportiva.

Passando os olhos pela principal publicação nacional acerca de automóveis, chego a uma conclusão muito triste, e que me leva a duvidar de toda uma estrutura desportiva de que faço parte, a minha querida ACDME: não valemos nada e só fazemos caca! Exemplos não faltam:

Houve problema com o safety car em Vila Real, a ACDME fez bosta! Escreveu-se história com a não intervenção do safety car nos 1000kms de Portimão, o AIA está de parabéns! Hellooo, a coordenação de ambos os eventos assim como o condutor do carrito até eram da nossa associação, como pode isto suceder? Depois, alguém com muita responsabilidade (ou não, visto a principal fonte dos copy-pastes ser a revista Caras) vem falar de caldeiradas… se calhar nem lá esteve! (já não seria a primeira vez)

Nem me vou pronunciar acerca dos factos, pois seriam por demais extenuantes e não é bem para isso que aqui escrevo.

Costumo dizer a todos quantos conto como amigos ou conhecidos mais chegados, que TUDO na vida deve ser perspectivado, e mantenho essa postura. Tem-me ajudado imenso a ultrapassar situações que de outra maneira me levariam a um extremar de posições das quais não haveria retorno.

Costumo interrogar-me se o amor pelas corridas ainda merece todos os dias que passo sem a minha família, todos os momentos que o meu filho mais velho me liga para onde estou a prestar serviço a perguntar quando volto. De cada vez mais ao perguntar-me isto, faço uma pausa e tenho que pensar um pouco no assunto.

Tal como o mais comum dos mortais, não aprecio ser enxovalhado por quem faz da pena a sua arma, mas que só cobardemente nos ataca, ou de quem por ostentação e prepotência ‘manda em nós’ só por mandar. Não foi certamente para isso que tanto temos passado, tantas horas perdidos por esse mundo fora na busca de fazermos aquilo que sabemos, talvez até melhor que a nossa própria carreira profissional. Alguns de nós até gostariam de abraçar este Hobby como profissão, mas a esses também lhes digo, falem com o Eduardo, perspectivem a coisa e decidam só depois.

Depois vem os outros, os burgueses, os ‘Illuminati’, os que são dos primeiros a levantar as acreditações no Secretariado apenas para participar em feiras de vaidades no Vip Village falando mal á boca cheia e com a boca cheia, daqueles que tudo trocaram por estar ali naquele momento único o mais perto possível dos carros a comer o que houver, que isto de ter mesa posta ao meio-dia é só para alguns felizardos (e ainda bem que assim é pois a antiguidade é um posto) numa prova a cada dois anos.

Curiosamente a sua postura de boca cheia e queixo levantado para cima em ar de desafio, traz-me a recordação de menino, quando ia passear para a Malveira com a família e via os burros a zurrar ao sinal do meio-dia.

Estou a chegar a um ponto da minha vida de comissário em que simplesmente adoro aquilo que faço, mas sempre que parto me custa mais. Estamos a espalhar-nos muito por tudo o que é prova, vamos a todas, e a paga são injúrias, insultos e desdém. Pelo menos a mim, afecta-me! Passar as segundas-feiras todas a ressacar e a ‘arquivar’ os ‘ficheiros’ nas pastas certas e ainda ter que me preparar para o costume das Terças já começa a deixar marca.

Por dentro, também algo está mal. Ou será que penso assim por neste momento estar a precisar de uma perspectiva diferente? Aprecio bastante todas aquelas trocas de impressões em que participo nas poucas pausas que as corridas nos dão, e asseguro-vos de que tento sempre adaptar o meu desempenho de maneira a que todos fiquem contentes. Contrariamente ao que já ouvi de algumas bocas, (ainda por cima de gente com quem já partilhei tanta coisa) não tenho preferência por A, B ou C, tenho isso sim, preferência por A, B ou C se o D, E e F não estiverem em forma. E como todos nós temos o nosso ‘quê’ de interruptor, é sempre muito fácil ter preferências. Por aqui, está dito.

Neste momento acho que posso falar também pelo Quim (Le Professeur) quando digo que neste momento temos ‘estaleca’ para trabalhar em qualquer circuito, com qualquer corrida e digo-o com a consciência tranquila de que nos sairíamos bem, pois quando no nosso ‘quintal’ aturamos as bestas que aturamos, em qualquer outro lugar do mundo seriamos levados em ombros!

Temos é que nos unir mais. Anda tudo muito disperso, quiçá por falta dos ‘cotas’ chefes de posto que por coincidência não puderam ir desta vez. Espero não me enganar.

No entanto, também acho que para além de amenas cavaqueiras e bocas giras, se tente ensinar algo mais aqueles que apesar de terem entrado há pouquíssimo tempo, já desempenharam no Algarve função de Chefe de posto com a responsabilidade extra de terem a seu cargo comissários que tudo tem para aprender, como são os nossos colegas do AIA. Eu quando entrei, fiz curso e fiquei UM ANO como estagiário sem tocar na ‘chicha’, só a aprender. E aprendi muito com Pedro Neves, João Silva, Orlando Sousa e outros… aprendi que em primeiro lugar se deve RESPEITAR o bom nome da nossa Associação sem reservas pois as pessoas vêm e vão e as Instituições ficam. Neste caso respeitar significa fazer bem o que a Associação faz! Simples!


Deixo-vos com um pensamento que deverá ser colocado na devida perspectiva: Se esta prova tivesse sido uma prova do PTCC no Estoril e existissem TODAS as incidências que existiram na pista, estaríamos de parabéns?


Abreijos!!!

António Espadinha


Com este espaço de opinião e reflexão abre-se um novo capítulo neste blogue que espero vos faça voltar sempre.

Um abraço António!!!

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