Com este "marasmo", aproveitei para fazer umas incursões para a net e descobri um video espectacular sobre uma prova igualmente espectacular - Pikes Peak. São famosas as imagens de Ari Vatanen dos anos 80, mas este ano foi elaborado um video gravado em Alta Definição (HD) com o Ford Fiesta RallyCross nas "mãos" de Marcus Gronholm.
Pikes Peak: A história de uma montanha feita de herois na "Corrida para as nuvens"
Colorado Springs, Montanhas Rochosas, Colorado, EUA. O ano era 1806, em plena corrida do ouro, metal que atraiu os aventureiros ao oeste americano. Para aqueles lados só iam os destemidos, os que não tinham medo de frio, índios enfurecidos, bandidos salteadores e mulheres que não tomavam banho regularmente. O oeste foi colonizado por gente da pesada. O vento era tamanho que o grupo de exploradores liderados por Zeb Pike mal se agüentava em pé. Frio cortante, visibilidade péssima. Mr. Pike e seu grupo de exploradores, mal equipados, tiveram que desistir de atingir o cume de 4.300 metros de altitude, porém, essa tentativa foi o bastante para que batizassem o pico com seu nome: Pike’s Peak.
Algumas décadas depois, 1873, uma rudimentar estradinha de terra, suficiente para a subida de animais, foi aberta até o cume para a instalação de uma estação meteorológica. Mais alguns anos, 1901, e dois malucos dirigindo e empurrando em alguns trechos um carrinho a vapor chegaram ao topo. Levaram nove horas. Quinze anos após, em 1916, plena 1a Guerra Mundial, o milionário Spencer Penrose construiu um hotel nos contrafortes da montanha e uma estrada de cascalho que levava até o pico. Seu intuito era pegar os turistas automobilísticos – o automóvel era uma invenção recente e os felizes proprietários se deliciavam em passeios aventurescos. Para inaugurar a estrada de forma bombástica Spencer organizou uma corrida ao pico. E foi assim que essa corrida anual tornou-se a mais tradicional subida de montanha americana. Corrida americana mais tradicional e antiga, somente a 500 Milhas de Indianápolis.
O trecho da corrida parte de 2.860 metros de altitude e vai ao pico. São 156 curvas ao longo de seus 20 km de extensão. De uns anos pra cá asfaltaram alguns pequenos trechos, porém, a maior parte continua cascalho. Não há "rails" e muitas curvas são cegas, isto é, o piloto entra sem ver a saída.“Playground do Diabo” e “Beira da Esfrangalhada” são os nomes de algumas curvas. O grande número de curvas e o facto de muitas serem cegas trazem vantagens aos pilotos locais, que podem treinar e conhecer o trajeto mais que os outros, daí, a família dos Unser (os mesmos Unser da 500 Milhas de Indianápolis), grandes e antigos proprietários de terras na região, ter vencido por muitas vezes. O primeiro vencedor foi Rea Lentz com um Roman Demon Special, fazendo um tempo de 20 m 56 seg. e média de 57 km/h. Em 1935 começou o reinado dos Unser, com vitória de Louis Unser em 16 m 12 seg. Em 1938 ele é o primeiro a baixar dos 16 minutos. Fez média de 75 km/h. O feito foi notável, principalmente quando vemos que só no ano de 1965 Al e Bobby Unser conseguem baixar de 13 minutos, usando carros fórmula, praticamente uns carros das pistas de Indianápolis adaptados para andar na terra, e com motores de mais de 400 cv. Velocidade média: 92 km/h. Bobby Unser é o campeão incontestável; já venceu por treze vezes, além de três 500 Milhas de Indianápolis.
Ao longo dos anos muitas categorias foram sendo acrescentadas. Carros foram e são especialmente construídos para essa corrida. Motos, quadriciclos, camiões, carros com motor eléctrico, enfim, sobe tudo o que puder subir, inclusivé, em outra data, há uma corrida a pé ao topo, onde uns velhos inconformados costumam morrer estourando o coração. Os carros de hoje estão potentíssimos. Por exemplo, um dos bons Stock Cars da Saab tira 750 cv de um motor de 2,0 litros e tem tração nas quatro rodas. O recorde actual , de Rod Millen, está em 10m04 s.. Média: 120 km/h.
Pena que o asfalto está crescendo e, com ele, o desafio diminuindo. Há uma briga para que pare, mas, parece que ele vencerá. Pena.
Este ano, houve nova edição e para a história fica a opinião de Marcus Gronholm
O veterano Nobuhiro Tajima, de 59 anos, voltou a não deixar os seus créditos por mãos alheias em Pikes Peak, vencendo a edição de 2009, ao volante do seu Suzuki XL7. O experiente japonês bateu o estreante Marcus Grönholm, que guiava um Ford Fiesta Special Hillclimb, e estabeleceu o tempo de 10m15,368s, mantendo-se por bater a barreira dos dez minutos. Quanto ao ex-campeão de ralis, o finlandês que fazia a sua estreia naquela mítica prova, ficou a mais de um minuto do melhor tempo, mas admite que espera poder regressar a Pikes Peak no futuro e com mais preparação.
"Seria excelente voltar aqui, mas para a próxima mais preparado. Sempre quis competir em Pikes Peak. Estando por aqui há cerca de uma semana, tenho de admitir que este é um dos desafios mais entusiasmantes que fiz na minha carreira", começou por dizer Gronholm. "Ouvi falar muito de Pikes Peak e vi muitas vezes o famoso vídeo do Ari Vatanen, há 20 anos atrás, mas só quando aqui chegamos é que percebemos a grandeza do desafio", acrescentou, elogiando ainda a performance do seu Fiesta. "O comportamento do Fiesta é absolutamente fantástico, e os pneus da BF Goodrich foram fantásticos. Infelizmente, tivemos alguns problemas na subida, perdi alguma potência na fase final mas estava determinado a terminar. O Fiesta tem um enorme potencial e poderá bater a barreira dos dez minutos", afirmou, deixando uma promessa no ar: "Se cá voltar, sei o que é preciso para ser mais rápido".
Fonte: http://www.primeiramao.com.br/editorial/SuperAuto/editorial_veneno231.asp
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