Rubens Barrichello de regresso às vitórias na F1 em Valência

Quase cinco anos depois da sua última vitória na Fórmula Um, então ainda ao serviço da Ferrari, o piloto brasileiro Rubens Barrichello conseguiu este domingo o décimo triunfo na sua carreira, desta feita no Grande Prémio da Europa de F1, no circuito urbano de Valência, ao volante de um Brawn GP. Depois de ter partido da terceira posição da grelha, atrás dos dois McLaren Mercedes, Barrichello teve que lutar com Hamilton pela liderança da corrida, que alcançou depois de um "pit stop" mais atribulado do piloto britânico. A partir daí, o piloto da Brawn pôde finalmente controlar a corrida e levar o seu monolugar até à linha de meta para uma vitória merecida e de imediato dedicada por Barrichello ao seu compatriota Filipe Massa. "Foi fantástico, um fim-de-semana que nunca irei esquecer. Nunca se esquece como se faz, mesmo depois de cinco temporadas sem ganhar. A corrida foi difícil e eles diziam-me das boxes para forçar, forçar, forçar e há sempre coisas que nos passam pela cabeça. Queremos vencer por nós próprios, pelo nosso país, pela nossa família, havia muito a passar pela minha cabeça", confessou Barrichello após a sua décima vitória da carreira.



"O carro estava perfeito e tenho de agradecer à equipa por isso. Gostava que este momento pudesse durar para sempre", acrescentou, reforçando que a sua corrida "foi fantástica, tive de dar o máximo a toda a hora". "Tínhamos diferentes tipos de pneus ao longo da corrida, havia alguma dúvida quanto aos mais rápidos, mas de certeza que os meus foram muito consistentes. Pude melhorar os meus tempos a cada volta", completou o mais experiente piloto da competição. O brasileiro deu à Brawn o sétimo trunfo da temporada e coloca-se como o quinto piloto a ganhar uma corrida nesta época. Este triunfo em Valência permitiu a Barrichello subir ao segundo lugar do Mundial de pilotos, agora a 18 pontos do companheiro de equipa, Jenson Button, que ficou em sétimo na corrida de hoje.

Para a McLaren, a corrida acabou por ser uma pequena decepção, na medida em que com os dois carros na primeira linha da grelha à partida, a equipa de Woking perdeu o primeiro lugar aquando da segunda paragem de Hamilton nas boxes, entrando mais cedo do que o previsto, ao passo que Heikki Kovalainen viu-se batido também na estratégia das boxes por Kimi Raikkonen, acabando em quarto posto. Lewis Hamilton não quis culpar a equipa, lembrando que todas as decisões, as vitórias e as derrotas são enfrentadas em conjunto. "Nós ganhamos e perdemos juntos e eles fizeram um esforço tremendo para nos fazer chegar ao nível em que estamos, pelo que não podemos tomar o segundo lugar como garantido nem ficar desapontados por não termos ganho, já que tínhamos um andamento extraordinário e foi um esforço tremendo de toda a gente", começou por dizer o britânico, preferindo enaltecer o trabalho da equipa McLaren. "Estas coisas acontecem, e é capaz de ser a segunda vez que me acontece em todas as corridas que fiz. Por tudo aquilo que fizeram, eles merecem uma palmada nas costas", acrescentou. Quanto à corrida propriamente dita, Hamilton afirmou a sua crença de que os Brawn GP estarão mais rápidos do que os McLaren. Ainda assim, lembra que na fase inicial, o plano estava a correr bem para a formação de Woking. "A primeira parte da corrida foi muito bem controlada do meu ponto de vista, fomos consistentes. Na segunda fase eu tive dificuldades com os pneus e em acompanhar o andamento do Rubens [Barrichello], especialmente nas curvas rápidas. Era aí que ele parecia estar a apanhar-me. Continuei a puxar e o ultimo turno com os pneus principais correu um pouco melhor para mim. Forcei muito, quase como uma sessão de qualificação, muito perto do muro em cada volta e, na verdade, posso sair daqui feliz porque sei que dei tudo", concluiu Hamilton.

Raikkonen foi o melhor representante da Ferrari, mostrando que o Ferrari F60 também era competitivo em Valência, embora não se tivesse conseguido imiscuir na luta pelo triunfo. "Sabemos que não estamos ao nível a que precisamos de estar - estamos um pouco atrás - mas assim que conseguimos por o carro a andar bem, geralmente conseguimos lutar pelo terceiro posto. Estou contente com este resultado. Já na sexta-feira que tinha percebido que o carro estava competitivo em longas distancias e, por isso, pensámos que era possível lutar por uma posição no pódio. Sabíamos que podíamos ter dificuldades na qualificação, em especial com pouco combustível", referiu Raikkonen. "Estas duas previsões provaram-se realidade e hoje conseguimos voltar a acabar no pódio", acrescentou. "Agora vamos para Spa, uma pista que gosto muito: temos de esperar até sexta-feira para ver quão competitivos estamos. Neste ponto da temporada, se tudo correr bem, podemos apontar a um lugar no pódio e se alguma coisa de estranho acontecer à nossa frente podemos até fazer melhor. Temos de fazer tudo o que podermos para manter o terceiro lugar na tabela de construtores", concluiu.

Heikki Kovalainen da McLaren Mercedes terminou a corrida sob forte pressão de Nico Rosberg, tendo, no entanto, o piloto da Williams que se contentar com o quinto lugar final. Fernando Alonso aguentou bem as investidas distantes de Jenson Button, terminando no sexto lugar. O líder do Campeonato teve uma corrida difícil, perdendo muitos lugares logo no arranque. Ainda assim, com uma postura de ataque, conseguiu elevar-se até ao sétimo posto final, o que contrastou com os resultados dos seus adversários da Red Bull – Sebastien Vettel desistiu com outro motor partido e Mark Webber ficou fora dos pontos, vendo-se batido por Robert Kubica na luta pelo oitavo lugar. Outras notas a retirar do Grande Prémio da Europa realizado este domingo no circuito de Valência permitem-nos verificar o prestação "sofrível" de Luca Badoer, o piloto de testes da Ferrari que foi chamado a ocupar o lugar de Filipe Massa, e que andou sempre no final do pelotão, tendo mesmo sido penalizado por pisar a linha limite à saída das boxes depois do segundo "pit-stop" e a boa operação em termos pontuais por parte da Brawn aproveitando o facto de nenhum dos pilotos da Red Bull ter pontuado: Mark Webber foi nono, ao passo que Sebastian Vettel não cruzou a linha de meta, abandonando com problemas mecânicos. Nota, ainda, para o ponto alcançado pela BMW Sauber, por intermédio de Robert Kubica, numa demonstração de que o novo pacote aerodinâmico levado para Valência deu bons resultados.


Agora, e no que diz respeito à classificação do Mundial de F1, a vitória de Barrichello permitiu ao piloto brasileiro dar o salto para a segunda posição, com 54 pontos, menos 18 do que Jenson Button, que leva já 72 pontos na frente do campeonato. Mark Webber, da Red Bull Renault, desceu agora para a terceira posição, com 51,5 pontos, à frente do seu companheiro de equipa, Sebastian Vettel, que abandonou em Valência ficando assim com os mesmos 47 pontos com que começara o GP da Europa.

O Campeonato do Mundo de Fórmula 1 regressa já no próximo fim-de-semana, desta feita no circuito de Spa-Francorchamps, onde será realizado o Grande Prémio da Bélgica.

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