PWRC: Armindo Araújo CAMPEÃO do MUNDO!!!

Não foi nada fácil a passagem de Armindo Araújo pelo Rali da Austrália. Depois de dois dias a lutar com um carro que estava menos competitivo do que o desejado, o piloto português optou por, no último dia, segurar o quinto posto, resultado que adiava a decisão do título para o Rali da Grã-Bretanha. Contudo, na derradeira especial do rali, Toshi Arai abandonou, abrindo as portas do quarto lugar ao piloto português, que desta forma se torna Campeão do Mundo de Ralis de Produção, um título ainda condicionado, pois está dependente da decisão da FIA sobre o apelo apresentado por Nasser Al-Attiyah relativo à desclassificação de que foi alvo no Rali da Acrópole. Numa altura em que já poucos acreditavam ser possível sair da Austrália com o título no bolso, uma daquelas reviravoltas em que os ralis são pródigos permitiu a Armindo Araújo lograr alcançar o seu objectivo: Ser Campeão do Mundo de Produção!

Numa temporada de boas prestações, a presença na Austrália foi extremamente complicada. Com um carro que nunca esteve à altura e ainda com alguns erros do próprio Armindo na ânsia de tentar contrariar a menor eficiência do Mitsubishi, o andamento evidenciado esteve abaixo do habitual. Os habituais adversários no PWRC acabaram por ser mais rápidos que o piloto português, sem que este lhes conseguisse dar réplica. O necessário 3º lugar, passou a 4º quando Brynildsen desistiu ainda, mas o lugar em que o piloto estava a caminho de terminar era o 5º. "Tivemos um carro que não estava muito competitivo. O setup não era adequado e o motor também estava com falta de rendimento. Tentamos mesmo assim acompanhar o andamento dos adversários, mas isso acabou por resultar em ligeiras saídas." Perante esse cenário a ordem para a 3ª etapa era "a de manter o 5º lugar sem correr riscos." Esta não foi, apesar de tudo, a prova que Armindo Araújo desejava, na qual o triunfo pertenceu a Martin Prokop: "Desde o primeiro dia que tivemos problemas de suspensão e de motor, o que nos impediu impor o ritmo que desejávamos e que nos obrigou a correr muitos riscos para acompanhar os mais rápidos, de forma a conseguirmos cumprir o objectivo que traçámos. Hoje tivemos ordens para garantir a posição e não arriscar. Depois de tantos azares, ver o Toshi Arai parado na última classificativa foi um prémio por tudo o que fizemos ao longo da temporada", disse no final do rali o tirsense, muito emocionado.

E foi isso mesmo que Armindo Araújo navegado por Miguel Ramalho fizeram ao longo de toda a etapa de Domingo, até que no derradeiro troço viram Toshi Arai, que era 4º, parado. No final do troço em declarações à WRC radio o piloto português não conteve a emoção, afinal já estava praticamente resignado com o adiamento da decisão para Gales e viu surgir a sorte que tantas vezes lhe faltou em outras ocasiões. O piloto do Mitsubishi Lancer Evo IX garantiu, desde já, o título mundial, precisando apenas que no dia 6 de Outubro o Tribunal de Apelo da FIA não dê razão ao apelo de Nasser Al-Attiyah. "Neste momento, somos campeões do mundo. Sabemos que estamos dependentes da decisão do Tribunal de Apelo, mas nós cumprimos o que precisávamos. A decisão da FIA foi a desclassificação, os relatórios dizem que o carro está ilegal, pelo que acredito que o Tribunal de Apelo manterá a decisão", acrescentou Armindo Araújo.

Este resultado foi o corolário de três anos de trabalho, com alguns altos e baixos. "Foi uma meta que traçámos quando viemos para o Campeonato do Mundo. O objectivo era conseguir conquistar o título e, depois de muito trabalho e sacrifício, conseguimos. O Mundial não é fácil, mas, graças a um grande empenho de toda a equipa, mesmo nas alturas mais complicadas, conseguimos hoje cumprir a nossa meta. Uma palavra muito especial de agradecimento para os meus patrocinadores, TMN, Galp e MCA, que sempre acreditaram em nós e por todo o apoio que nos deram", finalizou o novo Campeão do Mundo de Produção. Armindo Araújo / Miguel Ramalho são os primeiros portugueses a conseguir oficialmente um título mundial em automóveis, já que existem apenas três campeonatos mundiais: WRC, WTCC e F1 quinze anos depois da vitória de Rui Madeira no Grupo N da Taça da FIA, competição que antecedeu o Mundial de ralis.

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