Dakar (13ª etapa): Nada de novo nas hostes portugueses

Embora realizada a uma sexta-feira, a 13ª e penúltima etapa do Argentina-Chile Dakar 2010 não foi, felizmente, de “azar” para Carlos Sousa. O português cumpriu sem grandes problemas os 368 quilómetros cronometrados da especial, garantindo, no final, a décima melhor marca do dia. Mais importante que isso, e quando já só fica a faltar uma etapa para o final desta 32ª edição, o piloto da JMB Stradale praticamente confirmou o sexto lugar da classificação geral e o primeiro dos não-oficiais, naquele que passará a ser o seu quarto melhor resultado de sempre em 12 participações no maior e mais difícil rali do mundo. Apontando como principal objectivo uma presença no top-10 final, consciente que estava das limitações do seu carro, do potencial das equipas oficiais e também do facto de estar afastado da competição desde Setembro passado, a verdade é que Carlos Sousa depressa superou as melhores expectativas, nunca baixando de oitavo da geral desde o segundo dia de prova e chegando inclusivamente a posicionar-se na quarta posição, imediatamente atrás do trio oficial da favorita Volkswagen. Sol de pouca dura, é verdade, com o português a ter uma etapa repleta de percalços antes do dia de descanso, baixando dois lugares na geral para, apenas dois dias depois, se fixar no actual sexto lugar e como melhor dos representantes dos carros a gasolina: “Sinceramente, acho que estamos a fazer um bom trabalho e uma excelente prova. À nossa frente temos apenas equipas oficiais e carros diesel que neste rali, e fruto do actual regulamento, são imbatíveis”, afirma Carlos Sousa, já em jeito de balanço final. “Com aquilo que dispunhamos nesta edição e face às conhecidas limitações do nosso carro, só posso estar muito satisfeito. Espero apenas ultrapassar sem problemas o último dia e festejar duplamente amanhã à chegada a Buenos Aires”, desejou o piloto português que, amanhã, cumpre o seu 44º aniversário. Relativamente à longa de etapa de hoje, e salvo “um pequeno susto já no decorrer da última ligação, devido a um pequeno barulho na caixa de velocidades, entretanto já resolvido na assistência, tudo correu normalmente. Na parte inicial, as dunas não eram assim tão difíceis como esperávamos e perdemos apenas algum tempo a descobrir um ‘way-point’. Daí para a frente, a especial não era tão interessante, sobretudo para as características do nosso Mitsubishi. O percurso era muito, muito rápido e voltamos a perder bastante por falta de potência e velocidade de ponta. Mas cumprimos o principal objectivo, mantendo a nossa posição à geral e acautelando qualquer imponderável mecânico nesta fase final de rali”, concluiu Carlos Sousa, já depois da chegada ao bivouac de Santa Rosa, no rescaldo de uma especial em que foi o décimo mais rápido do dia.

A 13ª etapa do Dakar 2010 foi para Miguel Barbosa/Miguel Ramalho uma especial mais tranquila onde os percalços não marcaram presença e onde os objectivos se cingiam sobretudo, a chegar ao final. Assim, a dupla portuguesa concluiu o dia na 14ª posição, 12º lugar da geral. A classificativa de hoje foi, na fase inicial um percurso de dunas e depois em zonas mais rápidas. Barbosa ciente que a zona de areia seria especialmente complicada, decidiu não arriscar em demasia: “Sabíamos que era importante não ‘atascar’ na zona de dunas e por isso fomos fazendo o percurso de uma forma mais controlada, até porque em termos de resultado final, já não há nada que possamos fazer e como tal, não faz sentido correr riscos desmedidos”, disse. Em termos de adversários e dada a classificação, a principal preocupação dos pilotos portugueses centrava-se na dupla Misslin/Polato também pilotos da JMB Stradale Off Road: “Mas a determinada altura nas dunas passámos por eles e percebemos que estavam presos na areia. Sentimos que tínhamos uma boa margem de vantagem e então optámos por fazer duas paragens: a primeira para vazar um pouco os pneus para uma melhor performance na zona de areia e mais tarde para trocar uma roda que estava com problemas. Perdemos, claro, muito tempo, mas que em nada influenciou a classificação geral”, continuou. Assim, amanhã tem lugar a última etapa da prova, e Barbosa considera que tal como hoje o importante é chegar ao final sem correr riscos: “Apesar da especial de amanhã ser rápida e de exigir muito dos pilotos, penso que não vai mudar nada em termos de classificação para nós, por isso, vamos entrar com calma e garantir terminar a prova”, concluiu.

Stéphane Peterhansel voltou aos triunfos no Dakar, vencendo a tirada de hoje entre San Rafael e Santa Rosa. O piloto da BMW X-Raid foi o mais rápido ao longo de quase toda a etapa, recebendo apenas oposição por parte de Nasser Al-Attiyah. O piloto qatari da Volkswagen continua a acreditar na vitória do Dakar à geral, conseguindo hoje aproximar-se ainda mais do líder, Carlos Sainz, já que foi o segundo mais rápido do dia, a apenas 41 segundos de Peterhansel. Por seu turno, Sainz ficou com o terceiro melhor tempo, perdendo cerca de dois minutos para Attiyah e vendo a sua vantagem na classificação reduzida para 2m48s, proporcionando assim uma fase final de Dakar bastante emocionante.

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