Dakar (4ª etapa): Miguel Barbosa o melhor português

Os pilotos portugueses não tiveram, desta feita, tanto protagonismo, com Miguel Barbosa (Mitsubishi) a ser o melhor, no 15º posto, imediatamente à frente do outro Racing Lancer de Carlos Sousa. “Algum dia tinha de ser...” A expressão é de Carlos Sousa e traduz o desalento com que chegou ao final da quarta etapa do Argentina-Chile Dakar 2010. Um sentimento que não é justificado pela dureza do deserto do Atacama, mas sim pelas restrições técnicas impostas ao seu Mitsubishi, que o impediram de rivalizar com os mais directos adversários. Condicionado pelos 170 km/h de velocidade de ponta do seu carro – contra os quase 200 km/h dos adversários directos – o piloto de Almada não evitou perder uma posição em relação ao dia de ontem, sendo agora o sétimo classificado, ainda que reduzindo para apenas 3m30s a diferença para o quinto da geral... O deserto do Atacama seria sinónimo de dificuldades, mas não foram as condições naturais, mas sim as características das pistas da região que foram o maior adversário de Carlos Sousa. A extrema rapidez do percurso impediu o piloto de Almada de acompanhar uma boa parte do pelotão, já que com o seu Mitsubishi limitado a uma velocidade máxima de 170 km/h, em função do restritor que lhe foi aplicado no motor, nada pôde fazer para contrariar os quase 200km/h que as viaturas dos adversários atingiram durante a etapa. À chegada a Copiapo, em pleno Chile, Carlos Sousa não conseguiu disfarçar o desalento: “Algum dia tinha de ser e foi na etapa de hoje. Sendo o único piloto privado a ser obrigado a alinhar com um restritor de 32mm (em vez do de 34mm que equipa as restantes equipas) e uma caixa de cinco velocidades, sabia que numa etapa com percursos muito rápidos pouco podia fazer. Honestamente, não pensei é que a diferença fosse tão grande”... A vitória de Robby Gordon demonstra a rapidez das pistas da etapa disputada entre Fiambala e Copiano, pois só com essas condições é que o impressionante Hummer do americano se consegue impor. Como Carlos Sousa reconhece, “correr assim é muito inglório. É mesmo decepcionante. A etapa nem foi dura e se nas zonas mais técnicas ainda cheguei a ultrapassar as Nissan, depois nada consegui fazer”. E o sentimento de impotência estendeu-se “a muitas outras viaturas, nomeadamente em relação aos meus colegas de equipa”. Curiosamente, o piloto nacional até confessa que “esta até foi a etapa em que ataquei mais e onde corri mais riscos, pelo que por aqui se pode explicar o quanto o dia foi inglório. Na primeira travessia das dunas ainda estive cerca de sete minutos atascado, para evitar uma viatura de imprensa que estava mal colocada, mas sinceramente não foi isso que impediu a conquista de um resultado mais positivo”. As limitações sentidas por Carlos Sousa traduziram-se pela conquista do 15º tempo na especial, um resultado que ainda assim não foi muito penalizante em termos de geral. Na realidade, em relação à etapa da véspera, o almadense apenas desceu uma posição, ocupando agora o sétimo lugar absoluto, mas a escassos 3m30s do quinto classificado: “É claro que nem tudo está perdido, porque até final nem todas as etapas vão ser tão rápidas como a de hoje. Para amanhã e, com o objectivo de atenuar o ´prejuízo´, estou mesmo a ponderar levar menos um pneu sobressalente e menos material de reparação, com o objectivo de partir menos pesado. Mas é claro que assim estou a correr mais riscos e isso pode pagar-se caro... No entanto, é uma situação que estou a considerar”, admite Carlos Sousa.

Depois da tempestade vem a bonança. Se nas primeiras etapas do Dakar 2010 Argentina Chile, Miguel Barbosa viu-se confrontado com algumas adversidades, hoje, na quarta etapa da prova, o piloto português conseguiu ser o mais rápido entre os portugueses, terminando na 15ª posição, o seu melhor resultado desde o início da grande maratona. Ocupa também o 15º lugar da classificação geral. Mas nem tudo foram facilidades para a dupla Miguel Barbosa/Miguel Ramalho que logo no início da classificativa de hoje, que foi reduzida em termos de quilometragem, se perdeu devido ao pó de um adversário: “Estávamos a rodar no pó de um outro concorrente e, a segui-lo, acabámos por nos perder. Quando nos apercebemos da situação tivemos que voltar para trás o que nos fez perder muito tempo”, explicou Miguel Barbosa que apesar do ligeiro deslize viu o problema de ontem do seu Mitsubishi Racing Lancer MPR-13 resolvido. Depois de retomarem a rota ideal, os Tricampeões Nacionais de Todo-o-terreno partiram ao ataque num percurso que se revelou muito rápido, rolante e com algumas dunas: “Depois foi sempre a andar e a ganhar terreno. Estamos satisfeitos com o resultado de hoje, pese embora não anule os anteriores. É um resultado importante para a nossa motivação”. Amanhã, Miguel Barbosa e Miguel Ramalho esperam enfrentar uma das etapas mais duras de toda a prova no Chile: “A etapa desenrola-se em parte no Deserto do Atacama e não esperamos facilidades. Vamos procurar explorar o potencial do nosso carro, que já provou ser extremamente competitivo, evitar erros e conseguir finalmente, um resultado entre os dez melhores”, concluiu.

Robby Gordon e o seu Hummer levaram a melhor na quarta etapa do Dakar 2010 Argentina-Chile. O piloto norte-americano esteve imparável na tirada entre Fiambala e Copiapó, batendo Stéphane Peterhansel por apenas um segundo! Al-Attiyah (Volkswagen) acabou por registar o terceiro melhor tempo, a 2m26s do vencedor, ficando na frente dos outros carros germânicos de Carlos Sainz, Giniel de Villiers e Mark Miller. Os quatro homens da VW ficaram separados por cerca de quatro minutos. Com os resultados de hoje, a vantagem de Peterhansel sobre Sainz na Geral é agora superior a 7 minutos e meio, ao passo que o terceiro classificado, Al-Attiyah, está a 9m56s.

Comentários