Audi vence 24H de Le Mans no 'knock out' da Peugeot

Mike Rockenfeller, Romain Dumas e Timo Bernhard, em Audi, venceram hoje as 24 Horas de Le Mans, no circuito de La Sarthe, em França, com um total de 397 voltas. Já sem a equipa da Peugeot do português Pedro Lamy, que desistiu ainda no sábado logo no inicio da prova, depois de ter conquistado a "pole", Rockenfeller (Alemanha), Dumas (França) e Bernhard (Alemanha) foram os mais fortes. A tripla da Audi beneficiou ainda da desistência, a duas horas do fim, do espanhol Marc Gene, do austríaco Alex Wurz e do britânico Anthonyu Davidson (Peugeot 908 HDI), os vencedores do ano passado. Com esta desistência, a Audi dominou em absoluto, conquistando os três lugares do pódio. A marca alemã, que repetiu as triplas já alcançadas em 2000, 2002 e 2004, assegurou com a equipa do suíço Marcel Fassler, do francês Benoit Treluyer e do alemão André Lotterer ficou em segundo, a uma volta, enquanto a formação do dinamarquês Tom Kristensen, do britânico Allan McNish e do italiano Dindo Capello seguraram o terceiro posto, a três voltas. O outro português presente no circuito, Miguel Pais do Amaral (Ginetta-Zytek), colocou-se na 20.ª posição, juntamente com os companheiros Warren Hughes (Grã-Bretanha) e Olivier Pla (França), a 79 voltas. O descalabro da Peugeot começou bem cedo e com o abandono de Pedro Lamy. Na derradeira volta do seu turno de condução, a suspensão dianteira direita do Peugeot 908 HDi FAP partiu, danificando outros componentes do carro e impedindo que o mesmo pudesse regressar à pista. Um final inglório para aquele que poderia ter sido o grande ano de Portugal e de Pedro Lamy em Le Mans. “Foi na minha derradeira volta. Estava à caminho das boxes, quando de repente e sem qualquer explicação, a suspensão partiu. Ainda levei o carro até às boxes, mas a equipa afirmou que nada mais havia a fazer, pois a coque estava danificada. Fomos obrigados a abandonar. Estava tudo a correr bem, mas infelizmente, as corridas são assim. Ainda não foi este ano”, comentou o piloto português bastante desiludido com o sucedido. Ainda assim, a Peugeot continuou a liderar a prova.

Contudo, o final da décima-sexta hora, quando a vila de Le Mans começou a acordar para o dia de domingo, o motor do Peugeot 908 HDI FAP de Franck Montagny explodiu em Mulsanne e a Peugeot perdeu a liderança da corrida para a rival Audi. As esperanças da Peugeot para repetir o êxito de 2009 ficaram nas mãos do carro de Alexander Wurz que rodava no terceiro posto. E quando o 908 de fábrica se preparava para ultrapassar o segundo classificado, o motor do mesmo deu a alma ao criador, para desilusão de toda a equipa francesa que, a poucos mais de duas horas do fim, via o esforço de um ano retratado pelas lágrimas que escorriam dos olhos do seu Team Manager, Oliver Quesnel. Mais conhecidos do circo mundial, Giancarlo Fisichella, Jean Alesi e Mats Wilander terminaram na quarta colocação na GT2, 16º no geral. Após ficarem no top 6 da categoria durante todo o período, os ex-pilotos da Formula 1 encerraram em quarto lugar com 323 voltas correndo com um Ferrari modelo F430. O brasileiro Augusto Farfus correu na mesma categoria (GT2) e, ao lado dos alemães Jorg Muller e Uew Alzen. Estreante na prova francesa, eles levaram a equipa à sexta colocação, 19º no geral. O sonho de chegar ao pódio da classe LMP2 das 24 Horas de Le Mans manteve-se bem vivo para Miguel Pais do Amaral e para o Quifel ASM Team durante mais de metade da corrida, mas uma série de azares acabaram por atirar a única equipa portuguesa presente na competição para a sétima posição final na classe. Tudo decorria conforme o planeado até à 14ª hora da prova, a meio da madrugada de hoje, quando o Zytek 09S da equipa portuguesa enfrentou um primeiro problema mecânico sério: "A luta pela terceira posição estava controlada", recorda António Simões, Director do Quifel ASM Team, lamentando a quebra da transmissão do lado esquerdo do carro por volta da 03h40 da madrugada, numa altura em que se já percebia que a equipa portuguesa era a mais capaz para pressionar os dois HPD ARX.01 da frente, sem dúvida os mais rápidos da classe graças às suas motorizações Honda:

"Conseguimos reparar a transmissão em menos de 40 minutos, mas caímos para o quinto lugar, a cerca de oito voltas da quarta posição", recorda o "team manager" Maurício Pinheiro, lamentando que o esforço para recuperar na classificação tenha ficado comprometido, em definitivo, já perto da 09h00 da manhã, quando uma falha de travões à entrada para a curva Arnarge provocou uma batida forte de Miguel Pais do Amaral, que estava a fazer um turno excelente. "Os estragos no Zytek 09S foram grandes e o carro teve de ser praticamente reconstruído pelos mecânicos", sublinha Maurício Pinheiro, elogiando o esforço que permitiu ao Quifel ASM Team cortar a meta no restrito grupo dos sobreviventes. "Ainda não percebemos o que falhou naquela travagem, mas não posso deixar de salientar o trabalho feito pelos engenheiros e pelos mecânicos na recuperação do carro, ao ponto de o Olivier Pla ter feito o melhor tempo nas últimas voltas, batendo mesmo a marca dos treinos cronometrados", refere Miguel Pais do Amaral, lamentando que o sonho do pódio se tenha esfumado de forma inglória, depois de ter ficado evidente o potencial da equipa. António Simões sublinha isso mesmo: "A equipa mostrou grande maturidade, funcionou em pleno e isso é um sinal muito positivo para o futuro", concluiu.

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