Os pilotos da Ford lideram no final de um primeiro dia cheio de emoção

O primeiro dia desta edição do Rally de Portugal, a terceira ronda do 2011 FIA World Rally Championship, conheceu muita emoção na totalidade das seis classificativas disputadas (passagem dupla pelos troços de Santa Clara, Ourique e Felizes) em pisos de terra. Até à derradeira classificativa as quatro principais equipas estavam separados por menos de 17 segundos, o que evidencia a emoção vivida ao longo de todo o dia. A chuva que ainda ameaçou em aparecer, de uma forma muita ténue, na fase inicial não aconteceu como pretendia Mikko Hirvonen, o actual líder do campeonato. Uma vez que foi o primeiro piloto a partir para a estrada, temia que tal significaria alguma perda de tempo pois as classificativas apresentavam alguma gravilha solta. No entanto, Hirvonen não precisou de se preocupar, pois ele marcou claramente o ritmo desde o início. O piloto da Ford foi o segundo mais rápido no troço de abertura, batido apenas por Petter Solberg, quinto piloto a sair para a estrada. Sebastien Ogier vencedor da edição do ano passado admitiu não estar bem desperto na classificativa de abertura, enquanto o seu companheiro de equipa Sebastien Loeb também foi mais lento, este sem saber qual a razão do nível de andamento do Citroen DS3 WRC. No entanto, os homens Citroen corrigiram as suas prestações da segunda classificativa, tendo conquistados as duas primeiras posições enquanto Hirvonen assegurou o quarto melhor tempo, atrás do seu companheiro de equipa Jari-Matti Latvala. Ogier obteve mais uma vitória na terceira classificativa do dia, com Petter Solberg a ser segundo. No entanto, um pneu furado no segundo troço já havia feito baixar o norueguês para o quinto lugar. Hirvonen também caiu para terceiro, atrás dos dois Citroen. Um precoce acidente Mads Ostberg, com a caixa de velocidades partida cumpridos poucos metros após o arranque para a primeira classificativa do dia foi possivelmente o resultado da colisão verificada ontem na Super Especial disputada em Lisboa. Este foi o ritmo demonstrado pelos pilotos das equipas oficiais da Ford e da Citroen, que pareciam alheios à gravilha solta, uma vez que registaram melhores tempos em relação à edição do ano passado, com tempos de pelo menos 10 segundos mais rápidos este ano. A tarde seria da Ford. Jari-Matti Latvala assegurou a vitória em cada um dos troços, agora mais limpos em relação à primeira passagem, para reivindicar a liderança no final do dia com 11,5 segundos de vantagem sobre o seu companheiro de equipa Hirvonen. Inevitavelmente, parte do que aconteceu ficou a dever-se à estratégia da Citroen: tanto Loeb como Ogier desaceleraram no final do último troço, numa tentativa de obterem uma posição de partida mais conveniente para a segunda etapa. Loeb admitiu que nas classificativas do segundo dia seria mais rápido do que no primeiro. No entanto, o actual campeão do mundo ficou surpreso com o ritmo da Ford durante o primeiro dia e não tinha resposta para a sua velocidade, descrevendo-os como "perigosa". Assim, Loeb mantém o terceiro lugar, à frente do companheiro de equipa Ogier. Há então uma grande diferença, de quase dois minutos, para Henning Solberg em quinto, o mais velho dos dois irmãos que assegurou um melhor andamento na parte da tarde. O maior conhecimento do carro transmitiu-lhe uma maior confiança. Entretanto, Peter sofreu mais nesta etapa na sequência dos três furos (dois na derradeira etapa do dia) que originaram o seu abandono. No entanto irá voltar amanhã ao abrigo dos regulamentos do Super Rally, não tendo assim arriscado em conduzir 55 quilómetros só com dois pneus em bom estado. O sexto lugar foi assegurado por Matthew Wilson, que se queixava de uma falha intermitente na ignição na maior parte do dia.

Armindo Araújo e Mini surpreendem na 1ª etapa 

Já Armindo Araújo impressionou enormemente ao terminar na sétima posição com o novo Mini John Cooper Works S2000. Embora o carro esteja equipado com um motor basicamente idêntico aos do World Rally Cars, a falta de adições aerodinâmicas para a carroçaria fez com que o actual campeão PWRC tivesse uma tarefa mais difícil, especialmente ao nível da velocidade máxima. No regresso à zona de assistência instalada no Estádio do Algarve, Armindo Araújo não escondia a alegria de ter realizado uma etapa de grande nível e sobretudo por ter conseguido andar já num ritmo bastante interessante. “Eu e toda a equipa estamos muito satisfeitos com o que conseguimos fazer neste primeiro dia. Comecei a manhã com o claro objectivo de andar o mais possível sem cometer erros e confesso que não arrisquei absolutamente nada. Quando chegamos ao final das primeiras três especiais ficamos todos surpreendidos com a posição que ocupávamos”, começou por dizer o piloto de Santo Tirso que, na parte de tarde, manteve a mesma toada e conseguiu subir duas posições. “Na segunda metade da etapa voltei a encarar as especiais da mesma forma, ou seja, conduzi o MINI da forma mais limpa possível, escolhi trajectórias muito correctas e aos poucos tentei imprimir um ritmo mais elevado para perceber as reacções do carro. Nas curvas mais rápidas o «kit» aerodinâmico, que será aplicado na versão WRC, fará bastante diferença pois o MINI terá uma maior carga na parte traseira que o colocará mais estável”, acrescentou ainda o piloto. Para o dia de amanhã, os objectivos mantêm-se inalteráveis e a táctica a mesma. “Estamos altamente motivados para os próximos dois dias, e vamos manter-nos concentrados em evoluir a nossa adaptação e o Mini. O resultado até agora está a ser fantástico mas não vamos pensar nisso. Há ainda muito rali pela frente e sobretudo muito trabalho em prol da equipa. O resultado final será para nós um bónus e não um objectivo”, concluiu Armindo Araújo. Na categoria PWRC, o neozelandês Hayden Paddon lidera a classe, apesar dos bons tempos bons registados tivessem acontecido em condições difíceis. Em segundo lugar está Anders Gröndal, desfrutando de uma prestação em grande parte livre de problemas. Com um estado de espírito algo irritado não foi capaz de diminuir mais a diferença para Paddon. O terceiro é o piloto português Ricardo Moura que apesar de admitir que ele estava conduzindo para a melhor posição no Nacional de Ralis não resistiu a imprimir um ritmo mais forte no período da tarde. Em todos os novos carros da classe Academia FIA, Craig Breen é o líder. O jovem irlandês venceu nas primeiros quatro classificativas do dia, estando em posição para vencer em Portugal. Nestes troços foi sempre secundado por Yeray Lemes, mas tudo mudaria na penúltima etapa, com Lemez e Alistair Fisher a alcançarem a vitória, por apenas 0.1s. Na classificativa final do dia a primeira posição foi para Egon Kaur. Fisher foi o segundo mais rápido, mas foi relegado para a terceira posição por Kaur, embora com apenas 0.8s entre os dois.

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