Maria de Villota encontrada morta num hotel em Sevilha

A ex-piloto de testes F1 (Marussia) Maria De Villota foi hoje encontrada morta no quarto de hotel em Sevilha onde estava alojada, segundo fontes policiais. Fontes do serviço de emergência explicaram ter recebido o alerta para assistir a um jovem às 07:23 (06:23 em Lisboa). A equipa médica que chegou ao local não conseguiu reanimar a desportista, estando o caso a ser investigado pela polícia científica. Fontes médicas explicaram que os dados iniciais apontam para que a morte tenha ocorrido devido a causas naturais, ainda que agentes da Policia Científica e do Grupo de Homicídios fossem destacados para o local. A autópsia realizada no Instituto Anatómico Forense de Sevilha confirmou que a antiga piloto, que em 2012 sofreu um grave acidente, no qual perdeu um olho, morreu por causas "absolutamente naturais". A notícia desencadeou uma torrente de mensagens de condolências: “É trágica a notícia do falecimento de María de Villota. Os nossos mais sentidos pêsames à família e amigos”, lia-se na mensagem da Ferrari. “Descansa em paz”, escreveu Sebastian Vettel na rede social Twitter. “É uma notícia horrenda, muito trágica. Ela já tinha passado por muito, por mais do que a maioria das pessoas têm de enfrentar ao longo das suas vidas”, lamentou Jenson Button. “O desporto vai sentir a tua falta”, sublinhou Jorge Lorenzo. Vários clubes da Liga espanhola expressaram as suas condolências, assim como futebolistas como por exemplo Iker Casillas e Andrés Iniesta. De Villota, Hoje, De Villota deveria intervir no congresso "O que de verdade importa", iniciativa dirigida a jovens universitários, onde os participantes contam experiência de vida de grande impacto. Para a próxima segunda-feira estava previsto que apresentasse o livro "A vida é um presente".Villota nasceu a 13 de Janeiro de 1980 em Madrid e era filha de Emilio de Villota, piloto espanhol que participou em provas de Fórmula 1 nos anos oitenta. Licenciada em Ciências da Atividade Física e do Desporto, a sua paixão pelo automobilismo nasceu desde cedo pela mão do seu pai. Em 1996 disputou a sua primeira prova de karting, na qual obteve a primeira vitória, que marcou o início da sua carreira no mundo automóvel. A partir de então competiu em diversas categorias de monolugares, como a Fórmula 3 espanhola, as 24 Horas de Daytona, a Euroseries 3000 e a Superleague Fórmula. Em todos estes anos alcançou resultados destacados, como o facto de ser a única mulher vice-campeã de Espanha (Fórmula Toyota, 2001), ou a primeira mulher a alcançar a 'pole position' no campeonato de Ferrari, no circuito de Mugello, em 2005. Em 2011 ficou mais perto do sonho da Fórmula 1, quando foi convidada pela Renault para realizar uma sessão de treinos. No ano seguinte seria contratada pela Marussia como piloto de testes: “Vou mostrar que fizeram bem em escolher-me, como piloto e como mulher. Vou continuar a lutar porque a minha ambição é correr”, dizia na altura. Estreou-se a 18 de Março de 2012, porém, o sonho durou poucas semanas. Menos de dois meses depois, a 3 de Julho, sofreu um acidente que mudaria a sua vida para sempre. Durante uns testes de aerodinâmica que estava a efectuar no aeródromo britânico de Duxford, María de Villota colidiu com um camião da equipa Marussia. Sobreviveu, mas perderia o olho direito e ficaria com sequelas que não a deixaram voltar a pilotar. O período pós-acidente voltou a apelar ao espírito lutador de María. “Lembro-me da primeira vez que me vi ao espelho. A minha mãe aproximou-se e eu não tinha o olho tapado. Fiquei aterrada, mas teve mais impacto vê-la a ela. Tentei brincar, mas pensei: ‘Quem me vai querer assim?’”, contava a ex-piloto. María de Villota tinha-se casado no final de Julho, e preparava-se para apresentar, na próxima segunda-feira, o livro “A vida é um presente” – um relato pessoal da forma como lidou com o acidente que abalou o seu mundo.

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