GP Espanha F1 - Antevisão

É já este fim-de-semana que regressam as emoções da F1, desta feita em Espanha, num regresso muito esperado à Europa. O Circuito de Montmelo é uma pista que pelo compromisso aerodinâmico que obriga, se situa na lista das principais do calendário, onde os carros têm tendência natural para sub-virar.Exigindo uma especial atenção de apoio dianteiro, o traçado garante velocidades de mais de 300 Kms/h no final da recta da meta, sendo o 12º mais rápido circuito da temporada. É difícil ultrapassar. Assim a Qualificação é muito decisiva. É necessário estar na 1ª fila para ter muitas chances de ganhar. A táctica de corrida é fundamental, joga-se muito no pitstop, pois por vezes ganhar posições na boxe é mais fácil que em pista. Não é uma questão de quem é rápido. É uma questão de quem tem a melhor estratégia.

A Brawn GP lidera o Mundial de pilotos e de construtores, mas isso não a impede de melhorar o BGP001 e de perspectivar que Jenson Button e Rubens Barrichello possam estar mais rápidos duas a três décimas de segundo em cada volta, na sequência de medidas com impacto sobretudo na aerodinâmica. Recorde-se que apenas se disputaram quatro grandes prémios... "É preciso um bom ritmo para fazer o melhor nas curvas de alta e baixa velocidades. A longa recta dos boxes exige boa eficiência aerodinâmica e, além disso, agradeceremos à potência de nosso motor Mercedes", afirma Rubens Barrichello, piloto da equipa de Brackley.

Em oposição à Brawn GP, a Renault é uma das equipas que mais tem desiludido. Por isso, na China, apresentou o novo difusor duplo, com impacto no «set-up», no tempo por volta e equilíbrio do carro, embora sem o sucesso desejado no final da corrida. Para contrariar este destino, a asa traseira foi modificada. A Renault abandonou o KERS pelo menos, pelas próximas sete corridas, noticiou hoje o diário espanhol AS. Já era público que a equipa francesa não iria correr com o KERS em Espanha e no Mónaco, mas pelos vistos a decisão estende-se por mais cinco Grandes Prémios. O jornal espanhol alega que a equipa investigou a performance do sistema e optou por colocá-lo de lado, dando primazia a outras áreas do R29. Aparentemente a equipa julga que o KERS está a criar problemas no equilíbrio do carro devido à alteração do centro gravitacional do monocoque. Ainda de acordo com a mesma publicação, Fernando Alonso pretende reconsiderar o KERS apenas em circuitos de alta velocidade como Spa ou Monza, por exemplo.

Também desinspirada está a BMW, que não utilizará em Espanha o difusor duplo e o KERS, enquanto os sistemas não estiveram devidamente desenvolvidos. Pela primeira vez esta época nenhum dos BMW-Sauber irá estar equipado com o KERS. No GP de Espanha tanto Robert Kubica, que utilizou o sistema pela primeira vez há duas semana no Bahrein, como Nick Heidfeld, que tem corrido sempre com o KERS montado, irão ter o sistema disponível, já que a equipa optou por montar um novo package aerodinâmico, que por ser novo precisa de mais tempo para ser testado, o que invibiliza a manutenção do KERS. De acordo com Mario Theissen: "O tempo disponível para afinar os monolugares nos treinos livres de sexta-feira é demasiado curto o que nos fez ter de optar.", referiu, adiantando também que a equipa não irá utilizar igualmente o KERS no Mónaco, pelo que o sistema só será montado novamente nos BMW no GP da Turquia.

A McLaren conseguiu no Bahrain um rendimento mais satisfatório, com Lewis Hamilton a ficar em quarto lugar, e, neste fim-de-semana, continuará a apostar no difusor duplo, enquanto a Red Bull, um dos grandes animadores neste início de época, só deverá recorrer a este sistema no Mónaco ou na Turquia. Na Toro Rosso, perspectivam-se, também, diversas actualizações e, na Toyota, pretende-se que o pacote aerodinâmico permita a repetição da excelente qualificação de há duas semanas e superar, pelo menos, o terceiro lugar de Jarno Trulli.

Kimi Raikkonen terá já disponível em Montmelo um carro mais leve do que o de Felipe Massa. O maior peso de Kimi em relação ao brasileiro fez a equipa introduzir já esta solução no seu carro, facilitando a distribuição do peso do sistema KERS. O conjunto de peças é agora mais leve para que o peso a distribuir pelo F60 seja mais equilibrado. É um primeiro passo que a equipa italiana implanta com vista a um melhor desempenho. O F60B que verá luz do dia provavelmente na Turquia é, segundo fontes da equipa italiana, perto de 15 Kgs mais leve que o primeiro chassis da época. O modelo tem sido avaliado por Marc Gene. Outra estreia será o motor, com novas saídas. Por outro lado, a Force India actualizou a asa da frente, após apresentar, pela primeira vez, o difusor duplo no Bahrain.

Neste contexto, irá ser muita a actividade em pista nos treinos livres, mas a importância destes estará focada muito para lá do que 'transmitirem' as tabelas de tempos. Aceitam-se apostas quanto à nova hierarquia do Mundial a partir de agora, mas é evidente que só quem tiver feito um trabalho quase perfeito poderá aspirar a destronar a Brawn da confortável liderança que já tem nos dois campeonatos.